DESCRIÇÃO 14.06.2010
09:00h - Arranque de Monte Gordo
09:15h - Chegada a Vila Real de S. António
10:30h - Arranque para Alcoutim
12:45h - Paragem para refeição rápida em Guerreiros do Rio
14:00h - Chegada a Alcoutim
Total: 50 km em 3:10h
RELATO PESSOAL
Não podia começar melhor este dia de pedaladas. Sempre em ciclovia até Vila Real de S. António, desta vez com prioridade ao ciclista, em termos de pavimento
- Rebaixamento para acesso de veículos a garagens. Desta vez, o pavimento da ciclovia não é interrompido, tornando o trajecto bem mais confortável. A melhorar: manter a cota da ciclovia, colocando um lancil galgável para acesso de veículos à garagem
- Primeiro muito bom exemplo que vejo neste projecto: um corredor ciclável. À mesma cota da via, com o mesmo pavimento da via, guia sonora, estacionamento de veículos à direita e perpendicular à via. É isto que nós, utilizadores de bicicleta, pretende-mos: ser tratados como os mesmo direitos que os automobilistas, tendo vias próprias de circulação na faixa de rodagem, em regra junto à berma.
- Aqui, novamente ciclovia em passeio, com dois sentidos. A desvantagem é a possibilidade de utilização em sentido contrário ao do trânsito automóvel
- Estacionamento abusivo de bicicleta sobre a ciclovia :)
- Rua pedonal no centro de Vila Real de S. António
- Ciclovia do Algarve (guia azul), na avenida marginal da cidade
Foi com grande satisfação que pedalei pela bonita cidade de Vila Real de Santo António. E com grande satisfação descobri uma cidade a que se poderá chamar de ciclável. Pessoas de todas as idades a utilizar a bicicleta em deslocação. Um dos indicadores é o número de utilizadores que se deslocam de bicicleta para fazer compras. Vi imensos. Homens e mulheres, novos e velhos, com cestos na bicicleta, a entrar e sair das lojas, bicicletas amarradas junto a supermercados, a cruzarem as ruas nas suas pasteleiras, dobráveis ou citadinas.
Permaneci na cidade apenas uma hora, mas foi o suficiente para fazer uma pequena brincadeira ... muito a sério: um estudo de tráfego de bicicletas. Sentei-me num café numa das ruas centrais, junto a um cruzamento, e contei. Em 15 minutos passaram por ali 27 utilizadores de bicicleta. 16 homens, 11 mulheres. Na sua maioria aparentavam ter mais de 55-60 anos. Destes, 9 utilizavam bicis do tipo "pasteleira", 2 eram dobráveis. Cerca de metade tinham cesto para carga. Bonita, esta manhã em VRSA.
- Bicis amarradas por toda a cidade
- Utilizadores de bicicleta como meio de transporte, em VRSA. Na última foto, à direita, uma senhora atravessa uma rotunda.
- A "Poderosa", com o Guadiana e Ayamonte em fundo
Os meus parabéns aos responsáveis da cidade, pelas medidas de acalmia de tráfego, corredores para bicicletas e ciclovias. E claro, parabéns aos habitantes da cidade, por utilizarem a bicicleta como meio de transporte.
Depois desta hora de puro prazer, arranque para Alcoutim.
- Fora do centro, a ciclovia aqui passa, e bem, por trás da paragem de autocarro. No caso de corredor ciclável, este deverá continuar junto da berma, apenas interrompido (em sinalização horizontal) na zona da paragem, permitindo a paragem do autocarro sobre a ciclovia
- O exemplo quase perfeito de um corredor ciclável: exclusivo a bicicletas, à cota da via, com o pavimento da via, com sinalização horizontal (guia separadora e bicicletas pintadas). Assim, não é roubado espaço ao peão, mantendo o passeio.
- A perfeição falha aqui: o pintura vermelha, de alta visibilidade, deve ser colocada em zonas de potencial conflito entre ciclistas e automobilistas, nomeadamente cruzamentos. Aqui, o desgaste devido à passagem de veículos automóveis deveria ser corrigido, com manutenção adequada. Em muitos troços dos corredores ciláveis a pintura vermelha é desnecessária.
- Passagem ao largo de Castro Marim, já a caminho de Alcoutim
- IC27, entre VRSA e Alcoutim, na maior subida que apanho nesta etapa.
- Adoro este sinal
Em anos de colaboração em projectos de vias de comunicação rodoviárias, a utlização deste sinal nunca me despertou particular atenção. Agora, como ciclista significa algo de belo: a via de lentos (criada para veículos pesados circularem em velocidade reduzida em subidas com inclinação superior a 4%) está para terminar, logo, a subida íngreme está a chegar ao fim. Venha a descida!
- A reflorestação do Algarve e Alentejo está em marcha: Pinheiros Mansos
- Uma das vantagens dos pontos altos: paisagens deslumbrantes. Ao fundo, barragem em enrocamento, no Rio Odeleite » ver mapa
- A descida para a Foz de Odeleite
- O Rio Guadiana, em fundo
- Onde o Rio Odeleite se junta ao Guadiana
- Rio Guadiana navegável. Aqui, parei para comer uma bucha, junto a Guerreiros do Rio
- Paisagem do Guadiana, antes de Alcoutim
- Guadiana, um pequeno segredo bem guardado
- Finalmente Alcoutim, depois de tanto serpentear pela estrada que acompanha o rio.
- À esquerda, Castelo de Alcoutim (Portugal)
- À direita, Sanlúcar de Guadiana (Espanha)
- Rua no centro histórico da vila
- Praça central do centro histórico
- Um imagem que não me canso de ver: bicicletas estacionadas no interior da escola
- No auditório, antes do início da apresentação sobre bicicleta como meio de transporte
- O orador
- A pergunta: "Quem daqui tem pelo menos uma bicicleta em casa?"
Continuo a surpreender-me diariamente com a receptividade dos jovens a estas matérias.
- Ao final da tarde, alunos do ensino nocturno ofereceram aos professores uma prova de chá de ervas da região, e claro, muita doçaria. De todos, eu devia ser o único que não tinha quaisquer ressentimentos a provar um pouco de tudo, pois sei que no dia seguinte "queimo" tudo
DADOS TÉCNICOS para cálculo de emissões de CO2
Salas, sacos e alforges: 6, com um total de 25kgConsumo de líquidos: 1 litro de água
Consumo de sólidos: 8 bolachas de cereais, 1 sandes de marmelada caseira
Outros modos de transporte utilizados: nenhum.
Duches: 1, de aprox.10 minutos
Refeições: Jantar, Macarrão
Peças de roupa lavada: 1 calções de ciclismo, 1 par de meias
Horas de utilização de computador: 4:00h
Visualizações do blogue: 500
Novos amigos no Facebook: 40
Carregamento de telemóvel e lanterna: Mala Solar com painéis fotovoltáicos
AGRADECIMENTOS ESPECIAIS:
MOTOVEDRAS, pelo excelente equipamento que me cedeu.
DIMODA, pelos fatos da Pierre Cardin que me cedeu, para usar nas cidades.
JP SA COUTO, pelo excelente PC Magalhães 2 que ofereceu para esta viagem
OFF7, pelo cálculo e compensação de emissões de CO2.
Bio Future House, pelas malas com painés foto-voltáicos que me carregam o telemóve e a lanterna.
Instituto Geográfico do Exército, pela oferta dos mapas de estradas que me orientam.
À família Leite, por me alojarem em sua casa e contarem estórias de vida e experiências humanas extraordinárias
À Carolina, minha mãe, por todos os dias acender uma vela de azeite a Nossa Senhora de Fátima.
Paulo Guerra dos Santos
827 km percorridos de bici em Portugal, desde 22.05.2010
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderEliminarEis um dia invejavel! Excelente exemplo para um percurso! Tenho a sensação de o nunca ter feito, mas as fotos, o que elas transmitiram, criaram a vontade!
ResponderEliminarUma delicia, o percurso e chegada a Alcoutim... a barragem....o Guadiana...a vista de Alcoutim do outro lado do rio...o local onde paras te para fazer uma merenda... fiquei com um sabor guloso...uma vontade de poder estar lá tb...
Força Paulo, e Obrigada pela partilha diária
Paulo,
ResponderEliminarDuas reflexões que não resisto a fazer:
1. Por onde devem circular as cadeiras de rodas para deficientes motores, quando os passeios têm postes de iluminação no meio? Certamente na ciclovia e, aí, no caso desta ser estreita, as bicicletas circulam na estrada para ultrapassar as ditas cadeiras... (Ver foto de "exemplo quase perfeito de um corredor ciclável");
2. Pela explicação que dás à "via de lentos" também me parece que a maioria dos condutores portugueses a conhece, isto é, quando conduzem veículos ligeiros lentos, circulam na faixa de ultapassagem e não na via mais à direita (idem nas AE). ;)
Abraço e boas pedaladas
JP Queirós
Raquel, obrigado pela partilha da tua satisfação pelas paisagens. Efectivamente, um projecto destes não se lê, vive-se! E não consigo colocar em palavras um centésimo daquilo que sinto. É EXTRAORDINÁRIO este país, em paisagens e pessoas.
ResponderEliminarJP, efectivamente, uma das vantagens da introdução da bicicleta como meio de transporte em meio urbano, é precisamente chamar a atenção para outras questões de mobilidade, quer de peões, quer de cidadãos de mobilidade reduzida. Muitas vezes, a criação de uma estrutura ciclável obriga ao redimensionamento do espaço para os peões, e muitas vezes, a partilha do espaço público faz com que todos ganhem em qualidade de vida e segurança rodoviária.
Abraço a todos.